ESTUDO SOBRE A MICROBIOTA COMENSAL PRESENTE NO MUCO EXTERNO EM PEIXE AMAZÔNICO Astronotus ocellatus
Microbioma, Oscar, antibiótico, resistência, pele.
Astronotus ocellatus é um peixe nativo da bacia amazônica com grande apelo comercial na aquariofilia ornamental, parte da popularidade deste está em ser um animal de grande porte, com marcações fortes, robusto, tolerante a doenças e mudanças de parâmetros. Tais características conferem a ele não somente um animal desejável para entusiastas, mas também um potencial agente invasor carregando patógenos nativos para regiões exóticas. Em conjunto esses aspectos fazem deste uma espécie de interesse para o estudo de sua microbiota comensal externa, rastreando não somente sua composição, algo inédito na literatura, mas também genes de resistência que possam estar presentes. Este trabalho teve como objetivo o mapeamento da microbiota comensal do muco externo em Astronotus ocellatus das regiões lateral opercular, foram selecionados seis animais jovens com tamanho médio de peso médio de 49 g mantidos em sistema e recirculação com parâmetros controlados. As amostras foram processadas através de cultivo e testes microbiológicos e a análise da microbiota encontrada foi realizada por metodologia Maldi-Tof. Também foram realizados ensaios em antibiograma das espécies identificadas. Foram identificados 101 isolados e 29 espécies: Aeromonas jandaei, Aeromonas veronii, Bacillus altitudinis, Bacillus megaterium, Citrobacter braakii, Citrobacter freundii, Gordonia hongkongensis, Janibacter, Kocuria, Microbacterium paraoxydans, Micrococcus flavus, Mycobacterium fortuitum, Nocardia farcinica, Nocardia nova, Nocardia spp., Paracoccus spp, Plesiomonas shigelloides, Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas alcaligenes, Solibacillus silvestres, Staphylococcus aureus, Staphylococcus chromogenes, Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus hominis e Staphylococcus simulans. As diferenças na diversidade microbiana entre as regiões lateral e opercular foram avaliadas por meio do teste não paramétrico de Kruskal–Wallis. Para o índice de Richness, observou-se uma diferença significativa entre as regiões (H₁ = 8,52; p = 0,004). De forma análoga, o índice de Shannon também apresentou diferença significativa (H₁ = 8,34; p = 0,004), indicando maior diversidade na região lateral em comparação ao opérculo. Para o antibiograma foram realizados testes em 29 isolados, os antibióticos utilizados foram: Ampicilina, Ciprofloxacina, Florfenicol, Gentamicina, Penicilina G, Sulfatrozim e Tetraciclina, e as ATCCs 25922 E.coli e 25923 S.aureus. Nos resultados Ampicilina e Penicilina G demonstraram o maior percentual de resistência com 72% e 83% respectivamente. Sulfazotrim e Tetraciclina apresentaram valores intermediários de resistência, 28% e 34% de resistência e 59% e 52% de susceptibilidade respectivamente. Gentamicina, Ciprofloxacina e Florfenicol apresentaram bons valores de sensibilidade, apresentando respectivamente valores de 90%, 83% e 79% de susceptibilidade. Os resultados sugerem [PM1] uma alta diversidade microbiológica associada ao muco externo de A. ocellatus e a importância da compreensão dessas comunidades microbianas para o monitoramento da saúde da fauna nativa, visto que há percentuais significativos de resistência a diversos antibióticos o que deve ser monitorado para impactos significativos na pesquisa ambiental, na saúde e preservação do ambiente.