DIFERENTES ESTRATÉGIAS HORMONAIS EM PROTOCOLOS DE IATF SEM A UTILIZAÇÃO DE ESTRÓGENO NA FERTILIDADE DE VACAS Bos indicus
Fertilidade, Nelore, proibição, estradiol
No Brasil, os protocolos de sincronização que tem como base a associação de progesterona (P4) com estradiol (E2) apresentam resultados satisfatórios em vacas Bos indicus. Além disso, o custo para execução é menor do que protocolos que utilizam PGF e GnRH. Entretanto, os ésteres de E2 usados nos protocolos de IATF são proibidos em países da Europa e Estados Unidos. Além disso, países da América do Sul (Uruguai, Paraguai, Argentina e recentemente o Brasil) apresentam proibições ou restrições em relação a utilização de E2 em bovinos. Nesse contexto, o aprimoramento dos protocolos a base de GnRH, para obter melhores resultados em vacas Bos indicus, se torna necessário, caso a restrição ao E2 interfira na produção e exportação de carne no Brasil. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar a fertilidade de vacas Nelore (Bos indicus) lactantes, pré-sincronizadas com P4 e submetidas ao protocolo de sincronização da ovulação sem a utilização de E2. No experimento 1 [109 vacas Bos indicus (estudo A) e 699 vacas Bos indicus (estudo B)] foram administrados 150mg de P4 injetável (P4i) dez dias (D-10) antes do protocolo de IATF. No D0, as vacas receberam um dispositivo intravaginal de P4 e 2mg de Benzoato de estradiol (BE; Controle) ou 20µg de acetato de buserelina (GnRH/CE e 2GnRH). Oito dias depois (D8), o dispositivo de P4 foi removido e todas as vacas receberam 300UI de eCG e 500µg de Cloprostenol sódico (PGF2α). Além disso, as vacas receberam 1mg de cipionato de estradiol (CE; Controle e GnRH/CE) no D8 ou 10µg de acetato de buserelina (2GnRH) no D10. No D10 foi realizada a inseminação artificial (estudo B). No experimento 2 (699 vacas Bos indicus) as vacas do grupo Controle foram submetidas ao protocolo de IATF semelhante ao do estudo B. As vacas dos grupos GnRH/CE, 2GnRH48 e 2GnRH54 foram pré-sincronizadas com dispositivo de P4 sete dias antes do início do protocolo de IATF (D-7) e receberam 200µg de gonadorelina e um dispositivo intravaginal de P4 no D0. A retirada dos dispositivos de P4 foi realizada no D8 juntamente com a administração de 300UI de eCG e 530μg de PGF2α. Além disso, o grupo GnRH/CE recebeu 1mg de CE e nas vacas dos grupos 2GnRH/48h e 2GnRH/54h foram administrados 100µg GnRH 48 horas após a retirada do dispositivo de P4. A IATF foi realizada 48 horas (Controle, GnRH/CE e 2GnRH/48h) ou 54 horas (2GnRH/54h) após a retirada do dispositivo de P4. A análise estatística foi realizada pelo SAS. No estudo A, o diâmetro do folículo ovulatório foi maior nas vacas do grupo 2GnRH em comparação ao grupo Controle (P=0,02). No entanto, as vacas que receberam CE ovularam mais cedo (P=0,002) sem diferença na dispersão das ovulações (P=0,06). Em todos os experimentos as vacas que receberam GnRH no D0 apresentaram maior diâmetro folicular no D8 (Estudo A: P=0,002; Estudo B: P=0,001 e Exp. 2: P=0,001) e maior taxa de ovulação no D0 (Estudo A: P=0,002; Estudo B: P=0,001 e Exp. 2: P=0,001). Além disso, expressão de estro foi maior nas vacas que receberam CE (P=0,01; estudo B e P = 0,001; Exp. 2). A P /AI foi semelhante entre os grupos experimentais no estudo B (P = 0,19). No entanto, P /AI foi maior no grupo Controle (Exp. 2; P=0,001). Em conclusão, a remoção do estradiol (CE e BE) nos protocolos de sincronização da ovulação reduzem a fertilidade de vacas Bos indicus lactantes.