IMPACTO DA PULVERIZAÇÃO RESIDUAL DOMICILIAR NA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA EM UMA ÁREA URBANA NO SUDESTE DO BRASIL: UMA APLICAÇÃO DO MODELO ARMAX
flebotomíneos, controle de vetor, Belo Horizonte/MG, PVC-LV, análise de séries históricas
A leishmaniose visceral (LV) é considerada uma zoonose negligenciada, de grande importância para a saúde pública no mundo. No Brasil é causada pelo protozoário Leishmania infantum e transmitida pelo flebotomíneo Lutzomyia longipalpis. A forma da doença no cão, principal reservatório no ciclo urbano da LV, é a leishmaniose visceral canina (LVC). O programa de controle da LV no Brasil, envolve o diagnóstico de casos humanos, bem como o controle dos reservatórios e vetores. A pulverização domiciliar é uma estratégia integrada ao programa e consiste na aplicação de inseticida de efeito de ação prolongada no ambiente, objetivando atingir o vetor adulto. Em vista disso, o objetivo foi estabelecer uma relação temporal entre a pulverização domiciliar e os casos de LVC no município de Belo Horizonte (BH), capital do estado de Minas Gerais (MG). Foi realizado um estudo observacional longitudinal retrospectivo de séries temporais, de 2006 a 2018, a partir de dados secundários da Secretaria Municipal de Saúde de BH/MG. Foi fornecido um banco de dados contendo os registros das pulverizações domiciliares e outro com os resultados de inquéritos caninos para LVC. Foram calculados, mensalmente, a proporção de cães sororeagentes (PCS= [cães soropositivos/cães testados × 100]) e a taxa de sucesso de pulverização (TSP= [número de pulverizações realizadas/ total de pulverizações realizadas e não realizadas × 100]). A análise de séries temporais foi realizada no software Gretl. Os resultados do modelo ARMAX demonstraram relação temporal entre as variáveis PCS e TSP. Ademais, para PCS há relação temporal com defasagem de um mês (76,8%) e sete meses (20%). Com relação a PCS e TSP a relação temporal possui uma defasagem no tempo t (5%) e outra de três meses (-5%). Além disso, foram detectados outliers nos meses de janeiro/2011, dezembro/2014, agosto/2015, novembro/2018 e um ponto de intervenção em outubro/2013. Mediante esse resultado, sugere-se um indicativo de efetividade do controle químico na diminuição de 0,06% dos casos caninos para cada unidade adicional de TSP. Embora demonstrada baixa influência, a pulverização domiciliar parece ser capaz de induzir uma redução da proporção de cães positivos. Deve-se atentar para diversos fatores que afetam essa correlação. Esse estudo contribuiu para um melhor entendimento em relação ao controle químico para LV, bem como para o aperfeiçoamento das suas medidas de controle, utilizando BH/MG como modelo.