Caracterização epidemiológica, macroscópica, histológica e imuno-histoquímica do sarcoma histiocítico em caninos domésticos
doenças proliferativas histiocíticas, imuno-histoquímica, macrófagos, IBA1
O sarcoma histiocítico (SH) é uma neoplasia rara e agressiva, que afeta células da linhagem monocítica, principalmente histiócitos maduros, sendo considerado um verdadeiro tumor hematopoiético em cães. Esta neoplasia está incluída em um grupo de enfermidades denominadas doenças proliferativas histiocíticas, que acometem células como macrófagos, células dendríticas e histiócitos. O SH com origem em células dendríticas caracteriza-se pela proliferação de células gigantes, com aspectos morfológicos e fenotípicos semelhantes aos histiócitos teciduais normais. O presente estudo teve como objetivo caracterizar os aspectos epidemiológicos, clínicos, macroscópicos, histológicos e imuno-histoquímicos dos casos de SH diagnosticados em caninos domésticos submetidos a necrópsia no Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Lavras (SPV-UFLA) no período de 2014 a 2024. Para isso foram analisadas as informações epidemiológicas e clínicas, as descrições dos achados macroscópicos dos laudos e revisadas as lâminas, com detalhamento dos achados histopatológicos. Amostras teciduais com neoplasia foram submetidas à técnica de imuno-histoquímica para confirmação da origem das células neoplásicas, utilizando marcadores imunofenotípicos de células dendríticas intersticiais e subpopulações da linhagem de monócitos e macrófagos (CD18 e IBA1) e outros marcadores (CD11d, CD4 e E-caderina). Foram avaliados 14 casos de SH, representando 11,97% das neoplasias de células redondas e 0,48% do total de casos de necrópsia de cães. A maior prevalência de SH foi observada em cães de grande porte (85,71%), com média de idade de 8,7 anos. As raças mais afetadas foram Labrador Retriever (21,42%), Bernese, Mastiff, Pastor Alemão, Boxer, Cocker Spaniel e Yorkshire Terrier. A maioria dos casos (71,4%) foi classificada como SH disseminado, com acometimento frequente de pele (71,42%), fígado (57,14%) e pulmões (42,85%). Um achado relevante foi o acometimento lingual em três casos (21,42%), uma localização raramente descrita na literatura. A imuno-histoquímica confirmou a origem histiocítica das células neoplásicas, com forte e consistente marcação para IBA1 em 100% dos casos. A positividade para CD18 foi observada em 50% dos casos, e para CD11d em aproximadamente 21%. Nenhum caso apresentou positividade para CD4 ou E-caderina. Esses achados complementam os dados epidemiológicos, clínicos e macroscópicos e histológicos, contribuindo para um diagnóstico mais preciso do SH canino. O diagnóstico preciso do SH é crucial para a avaliação de prognóstico e escolha de tratamento adequado e este estudo fornece informações relevantes para médicos veterinários clínicos e patologistas.