Caracterização genotípica e fenotípica de Staphylococcus aureus isolados de mastite clínica e subclínica em rebanhos bovinos do Estado de Minas Gerais, Brasil
MLVA, PFGE, Genotipagem, virulência, Galleria mellonella
O Brasil é o quarto maior produtor de leite mundial e Minas Gerais se destaca como o Estado que mais produz leite no país. A mastite é a doença mais onerosa que ocorre nos rebanhos bovinos e Staphylococcus aureus se destaca como um dos principais agentes causadores dessa doença em rebanhos brasileiros. Trabalhos experimentais de virulência e caracterização molecular desse patógeno são necessários para melhorar a compreensão da patogênese da doença por ele causada, abrindo possibilidades para o surgimento de novas formas de controle e prevenção. Os objetivos desse trabalho foram realizar uma caracterização genotípica e fenotípica em uma população de S. aureus provenientes de casos de mastite em rebanhos de Minas Gerais, Brasil. A genotipagem das amostras foi realizada pelas técnicas de PFGE e MLVA. A PCR foi utilizada para a pesquisa dos genes de virulência codificadores das proteínas do fator de aglutinação (ClfA eClfB), da proteína de ligação à fibronectina (FnBPA), das toxinas (Hla e Luk-ED) e da proteína de ligação a elastina (Ebps). As análises fenotípicas de virulência envolveram o uso de modelo alternativo em larvas de Galleria mellonella. Após a infecção experimental foram avaliadas a sobrevivência das larvas, a contagem de S. aureus na hemolinfa e a intensidade da resposta imune através da melanização do vaso dorsal do inseto. Os resultados das análises de genotipagem mostraram que a técnica de PFGE foi mais discriminatória que a MLVA. PFGE apontou a existência de 34 pulsotipos diferentes na população analisada, sendo que os pulsotipos 1 e 24 foram os mais frequentes e mais amplamente distribuídos entre diferentes rebanhos. Por outro lado, a MLVA apontou a existência de 21 perfis moleculares, com predominância do perfil 1 (43 amostras). A pesquisa dos genes de virulência permitiu o agrupamento dos resultados em quatro diferentes perfis, sendo que 100% das amostras foram positivas para os genes clfA, clfB, fnBPA e hla, enquanto 97,4% e 26,3% continham os genes luk-ED e ebps, respectivamente. A análise fenotípica de 10 isolados genotipicamente distintos em larvas de G. mellonella mostrou diferenças evidentes nos fenótipos de virulência. Este estudo demonstrou ampla diversidade genotípica e fenotípica na população de S. aureus que causa a mastite na região estudada. O uso de G. mellonella mostrou-se interessante para a diferenciação de fenótipos mais virulentos de S. aureus. Estes estudos ajudarão na compreensão da patogênese da mastite ocasionada por este microorganismo, auxiliando no desenvolvimento de novas formas para seu controle e prevenção.