Caracterização da carne comercial certificada e não certificada de bovinos Angus
Carne comercial, qualidade, Angus
O rebanho bovino brasileiro detém o título de maior rebanho comercial do mundo, participando ativamente como um grande exportador de carne. Alguns atributos de qualidade da carne são decisivos para a aceitação do consumidor final, seja no ato da compra ou no consumo propriamente dito. A coloração do produto final pode ser de caráter eliminatório no ato da compra, pois a mesma é o primeiro atributo de qualidade apresentado ao consumidor antes da aquisição. A maciez figura como um dos principais atributos de qualidade da carne bovina, ao mesmo tempo que representa um dos principais desafios na bovinocultura de corte. Características de qualidade superiores muitas vezes não são encontradas no produto final de animais do rebanho brasileiro, que é composto majoritariamente por animais zebuínos, de origem asiática, representados principalmente pela raça Nelore. Animais desse grupo genético apresentam atributos de qualidade inferiores, como maciez e gordura intramuscular, ou marmoreio. Por um outro lado, animais Taurinos, de origem europeia, apresentam melhores características de qualidade, como a maciez e o marmoreio. Frente ao desafio de entregar melhor para o consumidor final, o uso de raças Taurinas se intensificou no Brasil, e uma das principais raças utilizadas é o Aberdeen Angus, bovino britânico precoce, que apresenta bom rendimento de carcaça, maior maciez e marmoreio no produto final. Devido as suas origens tropicais e com alimento de baixa qualidade, os animais zebuínos se destacam pela sua resistência e rusticidade frente a piores condições de criação, e o uso de cruzamentos entre os grupos genéticos tem gerado bons resultados, aproveitando de uma boa heterose, adquirindo características desejáveis de ambos os animais. O consumidor brasileiro em geral sempre buscou quantidade em detrimento da qualidade, hábito que vem apresentando mudanças, visto que a busca por produtos com melhores atributos de qualidade se intensificou. Frente a essa mudança, supermercados, açougues e casas de carnes estão cada vez mais buscando oferecer cortes de animais Taurinos, principalmente da raça Angus. Dessa forma, o objetivo desse estudo é realizar a caracterização da carne comercial de animais Angus quanto a parâmetros físico químicos, composição bromatológica e perfil lipídico, em relação aos aspectos de qualidade que estes produtos oferecem ao consumidor. O estudo será realizado com quatro diferentes grupos de produtos comerciais: Grupo 01- carne comercial de animais Angus com certificação; Grupo 02 – carne comercial de animais Angus sem certificação; Grupo 03 – carne comercial de animais Nelore, certificadas ou não, e; Grupo 04 – carne comercial sem identificação de raça de origem. O número mínimo de cinco amostras será coletado de cada grupo. Será utilizado cortes comerciais embalados a vácuo e rotulados, com até 30 dias de processamento/abate, da região do Contra-filé (músculo Longissimus dorsi) identificada como Ancho. Todas as peças deverão conter selo de aprovação comprovada por algum sistema de inspeção (Municipal, Estadual ou Federal), e serão transportadas refrigeradas até o Laboratório de Carnes e Pescados do Departamento de Ciências dos Alimentos e o Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras – MG. Serão realizadas análises físico químicas para pH final, cor (Sistema CieLab), Força de Cisalhamento (FC), Perda de Peso por Cozimento (PPC), Teor de Colágeno Total e Solúvel e Índice de Fragmentação Miofibrilar (IMF), de Composição Bromatológica (Proteína, Umidade, Cinzas e Extrato Etéreo) e Perfil de Ácidos Graxos. O projeto busca realizar a caracterização dos cortes com o intuito de determinar a nível comercial a qualidade dos produtos que são ofertados aos consumidores além da variabilidade dos produtos provenientes de animais Angus e Nelore.