DISTRIBUIÇÃO DO PARVOVIRUS CANINO NOS TECIDOS E CARACTERIZAÇÃO DA CEPA CIRCULANTE NO SUL DE MINAS GERAIS
CPV-2, enterite hemorrágica, Imunohistoquímica, PCR, Parvovirose.
O Parvovírus canino tipo 2 (CPV-2) é responsável por quadros de gastroenterite hemorrágica em cães e, mais raramente, de miocardite não supurativa em filhotes. O diagnóstico em animais necropsiados é realizado principalmente pelas lesões intestinais, porém, quando há autólise intestinal ou lesões inespecíficas, a imuno-histoquimica (IHQ) tem sido utilizada para detectar a presença do vírus em outros tecidos. Três variantes antigênicas do CPV-2, a CPV-2a, CPV-2b e CPV- 2c foram identificadas no mundo por meio de testes moleculares, podendo estar associadas a diferentes quadros epidemiológicos e gravidade de lesões. Desta forma, o objetivo deste estudo é descrever a distribuição do parvovirus canino nos tecidos por meio da marcação IHQ e caracterizar a cepa circulante no Sul de Minas Gerais por meio de análises moleculares e sequenciamento. Um total de 10 cães com lesões macroscópicas sugestivas de parvovirose canina e cinco controles negativos, foram necropsiados no Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Lavras no período de 2020-2021. Tecidos destes caninos foram submetidos a analises histologica, imuno-histoquímica e molecular. As lesões mais frequentes na necropsia, foram a serosa do intestino delgado hiperêmica, mucosa avermelhada e rugosa, com placas de Peyer evidentes, linfonodos retrofaríngeos e mesentéricos aumentados de tamanho e avermelhados. Microscopicamente foi visualizada atrofia e fusão das vilosidades intestinais (7/10), criptas dilatadas (5/10), com necrose (9/10) e descamação das células para a luz (8/10). Necrose e rarefação linfóide em tecidos linfóides foi um achado frequente, sendo mais acentuado nas tonsilas (6/10) e linfonodos retrofarígeos (6/10). Os tecidos com maior positividade na IHQ para o CPV-2 foram língua (61,54%); tonsila, linfonodos retrofaríngeos e íleo (53,85%); linfonodos mesentéricos, cólon e reto (38,46%); medula óssea, duodeno, jejuno e ceco (30,77%); válvula ileocecal (23,08%), timo e esôfago (7,69%). Todos os dez caninos foram positivos para CPV-2 na reação em cadeia pela polimerase (PCR). O sequenciamento e caracterização molecular das amostras revelou a presença do subtipo CPV-2bem caninos do Sul de Minas Gerais. Os controles negativos não tiveram marcação IHQ e foram negativos na PCR para CPV-2. Este estudo contribuiu para uma melhor compreensão da distribuição do parvovírus canino nos tecidos, tendo a língua, seguido da tonsila, linfonodo retrofaríngeo e ileo entre os tecidos de eleição para o diagnóstico IHQ da parvovirose canina.