DERIVAÇÕES PRECORDIAIS EM FELINOS SAUDÁVEIS: CARACTERIZAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA DE 12 DERIVAÇÕES
ECG. Arritmias. Repolarização. Remodelamento elétrico. Normalidade.
O eletrocardiograma de 12 derivações é uma ferramenta diagnóstica amplamente difundida em pacientes humanos e caninos. Tem como finalidade aumentar a estratificação de arritmias e distúrbios de condução, sugerir remodelamento cardíaco, identificar distúrbios de repolarização, fornecer critérios de risco e preditores de desfecho clínico e mortalidade. O estudo da caracterização eletrocardiográfica do sistema precordial proposto por Wilson modificado por Santilli (2019) e por Kraus (2002) permanece inexplorado em gatos, assim como marcadores de remodelamento elétrico que podem contribuir na estratificação clínica, diagnóstica e prognóstica de felinos domésticos. O objetivo deste trabalho foi caracterizar os índices de normalidade do eletrocardiograma de 12 derivações (V1-V6), associados aos critérios de repolarização (TpTf e TpTf/QT), e ativação (RPT) ventricular em felinos domésticos. Foram avaliados 144 gatos, e um total de 37 preencheram os critérios de inclusão e tiveram o ECG de 12 derivações registrado com a derivação precordial direita (V1) posicionada no quinto espaço intercostal direito (5°EIC-D) e as precordiais esquerdas (V2-V6) posicionadas no sexto espaço intercostal esquerdo. Desses, 17 gatos também foram avaliados com o registro da V1 posicionada no primeiro espaço intercostal direito (1°EIC-D) visando comparação. As medidas de duração da onda P, complexo QRS, intervalo PQ, QT, RPT, TpTf, TpTf/QT, e de amplitude das ondas P, Q, R, S, T e seguimento ST foram avaliadas nas variações DII e precordiais (V1-V6). Quando posicionada no 1°EIC-D a maioria dos gatos apresentou onda P negativa e revelou mediana da relação R/S1 em todas. Foi observada diferença significativa entre o RPT da V1- 1°EIC-D com a V1-5°EIC-D, DII e V3-V6. Em conclusão, assim como em cães e humanos, é provável que a V1 quando posicionada pelo método de Santilli (1°EIC-D represente com mais precisão a despolarização atrial e ventricular direita quando comparada com o método de Kraus (5°EIC-D). As precordiais esquerdas demonstraram um padrão positivo similar as demais espécies.