Validação de teste diagnóstico para Brucella abortus: uso do ELISA indireto para discriminar bovinos vacinados dos naturalmente infectados
Brucelose bovina, diagnóstico, ELISA, DIVA.
Em virtude da importância da brucelose bovina na saúde pública e ao comprometimento que ela causa para a indústria pecuária, o Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (MAPA) implementou, em 2001, o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal - PNCEBT, que visa reduzir a prevalência e incidência da brucelose no país, tendo em vista sua erradicação. Entretanto, o sorodiagnóstico da brucelose ainda é um desafio e a vacinação é a principal medida utilizada no controle da brucelose bovina, sendo B19 e RB51 as vacinas mais utilizadas atualmente. As vacinas embora eficazes, possuem numerosas desvantagens, como a interferência com os testes de diagnóstico (B19), além de serem patogênicas para os seres humanos e poderem causar aborto em animais prenhes. Várias estratégias têm sido usadas para minimizar (vacinação entre 3 e 8 meses), mas não eliminam completamente o problema de distinguir entre animais vacinados e infectados na vacinação com B19. Neste contexto, o perfil imunoproteômico de Brucella abortus 2308 foi analisado por western blotting 2D usando soros combinados de animais vacinados com B19, vacinados com RB51, infectados naturalmente com B. abortus e soronegativos não vacinados. A avaliação dos antígenos diferencialmente imunorreativos contra os grupos de soros mostrou três proteínas de particular importância: MDH (malato desidrogenase) imunorreativa para animais vacinados com B19, SOD (superóxido dismutase) reativa para animais infectados e transportador ABC (transportador multiespécies de açúcar ABC) reativo contra soros de animais vacinados (B19 e RB51). Os resultados preliminares já foram publicados e sugerem que o uso combinado de MDH e SOD poderia ser empregado com sucesso em uma abordagem de sorodiagnóstico livre de LPS para detectar brucelose bovina e discriminar animais vacinados dos infectados naturalmente. Na etapa atual do projeto, essas três proteínas serão produzidas em Escherichia coli e serão testadas para o desenvolvimento e validação de um ensaio de ELISA indireto (I-ELISA). O desenvolvimento e validação de um teste diagnóstico utilizando antígenos proteicos (livre de LPS) é a estratégia correta para minimizar a reação cruzada com outras bactérias Gram-negativas e permitir a diferenciação entre vacinação e infecção na brucelose bovina, além de permitir a avaliação da cobertura vacinal. A validação das proteínas MDH, SOD e ABC como antígenos diferencialmente reativos entre bovinos vacinados com B. abortus B19 ou RB51 e naturalmente infectados, em uma estratégia de diagnóstico DIVA (Diferenciação de Animais Infectados de Vacinados) usando uma plataforma de I-ELISA, será o foco da presente proposta. Diante disso, o projeto visa validar um ELISA indireto para detectar anticorpos anti-Brucella abortus em soros de bovinos vacinados e naturalmente infectados, seguindo as diretrizes de validação definidas pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE).