Efeito da administração prévia de progesterona ao protocolo de sincronização da ovulação na fertilidade, dinâmica folicular, diâmetro uterino e expressão de genes relacionados a qualidade uterina em vacas de corte em anestro
progesterona, receptor de progesterona, qualidade uterina
O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da administração de 150mg de progesterona injetável de longa ação (Sincrogest injetável, Ouro Fino, Brasil) previamente ao protocolo de sincronização da ovulação na fertilidade e na dinâmica folicular de vacas Bos indicus e Bos taurus em anestro, e no diâmetro uterino e na expressão de receptor de progesterona (PGR), de estrógeno (ESR1 e ESR2) e de ocitocina no endométrio uterino no início do protocolo de sincronização da ovulação e no momento da IATF de vacas Nelore (Bos indicus) paridas em anestro. Além disso, avaliou-se o efeito da exposição prévia a progesterona na substituição da eCG em protocolos de sincronização da ovulação. No estudo 1, os animais foram divididos em 3 grupos experimentais (Controle, P4 e P4GnRH). Vacas do grupo controle receberam no D0 um protocolo de sincronização da ovulação a base de progesterona e estrógeno. Nas vacas do grupo P4 e P4GnRH administrou-se no D-10 150mg de progesterona injetável. Em adição, as vacas do grupo P4GnRH receberam nesse momento a administração de 10µg de buserelina. A análise estatística foi realizada pelo procedimento GLIMMIX do SAS e as variáveis contínuas foram apresentadas por média ± erro padrão. O diâmetro do maior folículo (FD) no D10 (P=0,21), a taxa de crescimento folicular (P=0,34) e a taxa de ovulação [Controle 78,2% (104/133), P4 80,3% (110/137) e P4GnRH 75,2% (106/141); P=0,62] foram semelhantes entre os grupos experimentais. No entanto, verificou-se diferença entre os grupos para o FD no D0 [Controle (10,9±0,2mm)b, P4 (12,7±0,3mm)a e P4GnRH (12,6±0,3mm)a; P=0,001], FD no D8 [Controle (9,7±0,2mm)b, P4 (10,4±0,2mm)a e P4GnRH (9,9±0,2mm)ab; P=0,05], presença de CL no D8 [Controle 0% (0/136)b, P4 0% (0/140)b e P4GnRH 26,4% (38/144)a; P=0,001), diâmetro do CL no D24 [Controle (19,7±0,4mm)ab, P4 (20,1±0,4mm)a e P4GnRH (18,5±0,4mm)b; P=0,001] e a taxa de prenhez [Controle 35,0% (78/223)b, P4 45,9% (105/229)a e P4GnRH 40,6% (93/229)ab; P= 0,01]. No estudo 2, avaliou-se da P4i prévia ao protocolo de IATF na dinâmica folicular e na P/IA de vacas Bos taurus lactantes (n=518) com ECC de 2,69±0,01 e pós-parto entre 30 e 90 dias. No D-10 as vacas foram divididas em 2 grupos experimentais (Controle e P4i). Vacas do grupo controle receberam o mesmo tratamento das vacas do grupo controle do estudo 1 e vacas do grupo P4i receberam o mesmo tratamento das vacas do grupo P4 do estudo 1. Dessa maneira, verificou-se maior LF no D0 (P=0,01) e no D8 (P=0,08) nas vacas do grupo P4i. Além disso, verificou-se diferença na taxa de prenhez [controle 45,6% (118/259) vs P4i54,8% (142/259); P= 0,03]. No estudo 3, avaliou-se o efeito da substituição da eCG pela P4i prévia ao protocolo de IATF na dinâmica folicular e na P/AI de vacas Nelore lactantes (n=446) com ECC de 2,63±0,01 e pós-parto entre 30 e 60 dias. Dez dias antes do início do protocolo de IATF (D-10), as vacas foram alocadas em arranjo fatorial 2x2 para receber ou não 150mg de P4i no D-10 e receber ou não 300UI eCG no D8 do protocolo de IATF (Grupos Controle, eCG, P4 e P4eCG). Não houve interação entre a administração de P4i no D-10 e de eCG no D8 no crescimento folicular e P/IA. O LF foi maior no D0 (P<0,01) e no D8 (P<0,01) nas vacas que receberam P4i. A taxa de crescimento folicular (P<0,01) e a P/IA (P<0,01) foi maior nas vacas que receberam eCG. Além disso, verificou-se diferença entre os grupos para diâmetro do LF no D10 (P=0,04). No estudo 4, o objetivo do estudo foi avaliar o efeito da administração de 150mg de progesterona injetável de longa ação (Sincrogest injetável, Ouro Fino, Brasil) previamente ao protocolo de sincronização da ovulação no diâmetro uterino e na expressão de receptor de progesterona (PGR), de estrógeno (ESR1 e ESR2) e de ocitocina no endométrio uterino no início do protocolo de sincronização da ovulação e no momento da IATF de vacas Nelore (Bos indicus) paridas em anestro. Vacas Nelore (n=26), com dias pós-parto entre 30e 60 dias e 2,71 ± 0,02 de escore de condição corporal (ECC) no início do delineamento experimental foram utilizadas. No D-10 as vacas foram divididas em dois grupos experimentais como descrito no estudo 2. O diâmetro uterino no D0 (Controle = 11,1± vs P4i = 12,5; P=0,10) e no D10 (Controle = 13,3 vs P4i = 15,3; P = 0,07) tendeu a ser maior no grupo P4i. No D0 do período experimental a expressão relativa de PGR (P = 0,18), ESR1 (P = 0,19), ESR2 (P = 0,26) foi semelhante entre os grupos experimentais. No entanto, a expressão de OXTR tendeu a ser maior nas vacas do grupo P4i (P = 0,08). Em adição, no dia da IATF a expressão relativa de PGR (P = 0,71), ESR1 (P = 0,75), ESR2 (P = 0,94) e OXTR (P = 0,59) foi semelhante entre os grupos experimentais. No entanto, na diferença de expressão de ESR1 do D-10 para o D0, observou-se que as vacas do grupo P4i tiveram um maior aumento na expressão do que as vacas do grupo controle. Além disso, observou-se que a diferença de expressão de ESR2 do D-10 para a IATF (D10) foi menor nas vacas do grupo P4i (P = 0,05). Conclui-se que a administração de 150mg de progesterona de longa ação 10 dias prévios ao protocolo de sincronização da ovulação aumenta a fertilidade de vacas de corte em protocolos de sincronização da ovulação, aumenta o diâmetro folicular no início e no momento da remoção do dispositivo de progesterona em protocolos de IATF em vacas de corte. Além disso, a exposição prévia aumenta o diâmetro uterino e modula a expressão de ESR1, ESR2 e ocitocina no protocolo de sincronização da ovulação.