UTILIZAÇÃO DA ENDOSCOPIA NO EXAME ODONTOLÓGICO E DIAGNÓSTICO DE AFECÇÕES DENTÁRIAS EM EQUINOS (Equis caballi) DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR
Oroscopia; odontologia equina; cavalos
O presente estudo objetivou avaliar o uso da endoscopia oral como método de diagnóstico das afecções dentárias em dentes da bochecha em equinos da raça Mangalarga Marchador, em comparação ao método convencional de diagnóstico com espelho odontológico, além disso buscou estabelecer a prevalência das afecções dentárias nessa população e a influência da idade e localização das lesões sobre a ocorrência das mesmas. Para realização do estudo foram utilizados 100 equinos, fêmeas, da raça Mangalarga Marchador, com idade entre 2 e 18 anos, provenientes de três criatórios comerciais na cidade de Três Corações, Minas Gerias. O exame da cavidade oral foi feito por duas técnicas de exame diferentes, sendo elas: exame clínico convencional, com uso de espelho odontológico e exame endoscópico, com uso de endoscópio rígido. Os espelhos odontológicos utilizados possuíam formato circular de 3 cm e 5 cm de diâmetro e comprimento de 45cm. Já o endoscópio utilizado foi do tipo rígido, com 60 cm de comprimento e câmera de alta definição inserida em uma angulação de 90°. Todos os animais foram submetidos a ambas avaliações, sendo cada uma das técnicas realizadas por veterinários capacitados e treinados, de forma independente e sem conhecimento prévio entre os avaliadores. Ao se comparar os dois métodos de diagnóstico proposto, em termos de frequência de ocorrência de lesões no total de dentes/tecidos moles avaliados, foi possível observar diferença significativa entre os métodos (0,027). Assim, a endoscopia oral foi capaz de diagnosticar um número maior de lesões (2561) em comparação ao exame convencional com espelho odontológico (2555). Considerando-se cada tipo de lesão individualmente, houve diferença significativa entre os métodos de diagnóstico para diastema, hipoplasia cementaria, cárie infundibular e cárie periférica. Para todas estas afecções, o exame endoscópico foi capaz de identificar um maior número de lesões se comparado ao exame convencional. Já o diagnóstico de rampa, periodontite, fissura, fratura e úlcera não apresentaram diferenças significativas entre os exames utilizados. As demais afecções não foram incluídas nas análises estatísticas por não apresentaram variação na frequência de diagnóstico. Todos os animais apresentaram, no mínimo, uma lesão identificada pelo exame convencional ou pelo exame endoscópico. Arresta foi a lesão mais prevalente, sendo observada em 96% dos animais, seguida pelas úlceras de tecido mole (38%), rampas (36%), cáries infundibulares (36%) e cárie periférica (22%). As demais afecções apresentaram frequência de ocorrência inferior a 10 %. Ao considerar as afecções individualmente, observou-se correlação positiva significativa (p<0,001) entre idade e prevalência de arestas, degrau, onda, periodontite, hipoplasia cementaria, cárie infundibular e cárie periférica. Assim, à medida que aumenta a idade aumenta a frequência de ocorrência destas afecções. Em contrapartida, para retenção de dentes decíduos houve correlação negativa significativa (p<0,001) entre idade e prevalência, sendo que com o aumento da idade há uma diminuição na frequência desta afecção. Ao analisar a localização da lesão como fator de risco para ocorrência das afecções dentárias, observou-se diferenças significativas (p<0,001) para prevalência de cáries infundibulares, cáries periféricas e rampas entre os grupos avaliados. O estudo pode considerar que o endoscópio se mostrou uma ferramenta de alta valia para melhoria do exame odontológico, devendo ser incorporado na prática de rotina. Devido ao número reduzido de trabalhos com estudos epidemiológicos de lesões odontológicas em cavalos mangalarga marchador podemos recomendar a realização de mais estudos para avaliar o comportamento de afecções odontológicas nessa raça.