DOENÇAS DE IMPORTANCIA SANITÁRIAS EM BOVINOS NA REGIÃO DE LAVRAS
leucose
paratuberculose
leptospirose
brucelose
lingua azul
A bovinocultura é de grande importância para o agronegócio brasileiro. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016), essa atividade foi responsável, em 2016, por um lucro significativo na agropecuária brasileira. Tendo movimentado aproximada de 180 bilhões de reais. Nesse contexto, é necessária a vigilância sobre as doenças que podem infectar os rebanhos e prejudicar sua produção (PEREIRA et al., 2013)A eficiência reprodutiva é uma das principais contribuições para a viabilidade econômica da cadeia produtiva leiteira (WOLF, 2003). Fatores que afetam a reprodução têm um impacto importante para que propriedades tenham condições de produzir animais saudáveis, utilizando-os, como fonte de renda ou de reposição de animais descartados. A baixa eficiência reprodutiva pode ocorrer por diversas causas, desde simples erros de manejo nutricional ou reprodutivo, até problemas sanitários mais graves.
OBJETIVOS:Verificar a soroprevalência do Vírus da Língua Azul, Leucose Bovina, Paratuberculose, Leptospirose e Brucelose em rebanhos bovinos leiteiros no Sul de Minas Gerais. Correlacionar dados de manejo com as doenças reprodutivas, além de conhecer o perfil agropecuário da região.
VIRUS DA LIGUA AZUL: A língua azul ou bluetongue (BT) é uma doença de notificação obrigatória listada pela Organização Mundial de Saúde Animal – OIE(World Organisation for Animal Health, 2016). No Brasil, a enfermidade requer notificação imediata de qualquer caso suspeito (Ministério da Agricultura, 2013). Trata-se de patologia causada por um vírus RNA fita dupla pertencente ao gênero Orbivirus da família Reoviridae, cujos vetores são artrópodes hematófogos do gêneroCulicoides(Maclachlan, 2011). Atualmente, pelo menos 27 sorotipos já foram relatados(Jenckel et al., 2015)
A infecção (BT) ocorre em diferentes espécies de animais, apesar de sinais clínicos significativos ocorrerem apenas em ovinos. Bovinos, caprinos e ruminantes silvestres são os principais reservatórios do vírus. Sob condições naturais a infecção ocorre em ovinos e bovinos, mas raramente ocorre em cabras(Parsonson, 1990). A taxa de mortalidade pode ser tão elevada quanto 50-70%, em certas raças ovinas(Mohammadi et al., 2012; Sok et al., 2014).Nos bovinos, até 5% dos animais podem se tornar doentes; contudo, apresentam taxade mortalidade abaixo de 1%. A taxa de mortalidade e a severidade dos sinais clínicos são influenciadas por espécie, raça, idade, status imunológico, sorotipo, amostra do VLA e por interações dos animais com o meio ambiente (TOMICH, 2007).
No Brasil, dados sorológicos obtidos pela técnica de imunodifusão em gel de ágar (IDGA) sugerem a presença do vírus em diversas regiões(Konrad et al., 2003). Uma soroprevalência de quase 60% para o BT foi detectada em ovinos estudados no Distrito Federal, sugerindo que a proximidade dos rebanhos bovino e ovino favorece a persistência e propagação de doenças(Dorneles et al., 2012). O impacto econômico da doença está relacionado não somente com óbitos nos rebanhos ovinos, mas também com a possível correlação da infecção pelo vírus com o desenvolvimento de outras doenças, como pneumonia, aborto e problemas locomotores.As restrições ao comércio internacional de animais e seus produtos(World Organisation for Animal Health, 2008), tais como sémen, embriões, e leite e seus derivados podem causar grandes perdas econômicas para o pais, embora nenhuma estimativa precisa tenha ainda sido fornecida (Portela Lobato et al., 2015) Segundo Tomichet al. (2009), as principais conseqüências econômicas da infecção pelo VLA são perdas indiretas em virtude do aborto, queda do desempenho reprodutivo, redução da produção de leite e perda de condição corporal, além da restrição internacional de movimentação animal. (Portela Lobato et al., 2015). O Brasil possui condições climáticas que favorecem a multiplicação e a manutenção dos vetores da BT, facilitando que a doença se dissemine de forma silenciosa. No entanto, pouco se conhece sobre a doença e sorotipos presentes no país, o que dificulta a implementação de medidas seguras para movimentação de animais(Lobão et al., 2014).
LEPTOSPIROSE: A leptospirose bovina é uma zoonose que provoca perdas reprodutivas em bovinos e é causada por bactérias do gênero Leptospira (LILENBAUN; SOUZA, 2003; DOS SANTOS et al., 2012). A leptospirose é uma zoonose de distribuição mundial, porém, sua ocorrência é maior em países de clima tropical e subtropical, principalmente nos períodos chuvosos, quando essas condições ambientais aumentam a sobrevivência da bactéria e conseqüentemente, o risco de exposição e infecção de animais susceptíveis e seres humanos se tornam maior. (OLIVEIRA et al., 2010).Mamíferos são os principais hospedeiros do gênero Leptospirasp., sendo animais domésticos como cães e bovinos importantes agentes na propagação da doença.Orato-castanho (Rattusnorvegicus) , no entanto, é o maior disseminador da bactéria e um dos principais fatores que conferem a ela caráter cosmopolita, dada a distribuição do roedor (Kaake et al,2015). A bactéria penetra ativamente através da pele, mucosas, escoriações ou cortes, quando há o contato com urina e tecidos de animais infectados, água e aerossóis contaminados (MUSSO; LA SCOLA, 2013), por meio do contato sexual ou pela inseminação artificial (LEVETT, 2001). Além disso, a transmissão da bactéria também ocorre por meio da urina de bovinos no estágio de portador renal. Leptospira spp. pode permanecer no ambiente por longos períodos, dependendo das condições de umidade, temperatura e sombreamento (HASHIMOTO et al., 2012). A leptospirose apresenta uma fase de leptospiremia e outra de leptospirúria com portadores renais. A aglomeração de bovinos e a presença de roedores, os quais são reservatórios e disseminadores desta bactéria por meio de sua urina, aumenta o risco de infecção (FIGUEIREDO et al., 2009; SALABERRY et al., 2011).A Leptospirose ocasiona em bovinos principalmente problemas reprodutivos, como por exemplo, infertilidade, aumento do número de serviços por concepção, aumento do intervalo entre partos, aborto, morte fetal, mumificação fetal, natimortos, nascimento de bezerros fracos, redução na produção leiteira, ocasionando grandes prejuízos econômicos (ELLIS, 1994; ROHRBACH et al., 2005; GROOMS, 2006; PEREIRA et al., 2013). Pode ainda ocasionar febre, diarréia, anemia, icterícia e hemoglobinúria (ELLIS, 1994).
As medidas de controle destinadas a limitar a leptospirose são ações integradas aplicadas a cadeia de transmissão da zoonose, que incluem: diagnóstico e tratamento das fontes de infecção (animais de produção e companhia); combate aos reservatórios sinantrópicos; drenagem das áreas alagadiças; higiene das instalações e equipamentos; controle da inseminação artificial; e vacinação dos suscetíveis de modo a garantir imunidade nos rebanhos (BADKE, 2001)
BRUCELOSE: A brucelose bovina causada pela bactéria Brucella abortus é uma zoonose de ampla distribuição,responsável por perdas econômicas significativas para a bovinocultura mundial (Bernuéset al., 1997; Alves, 2005). No Brasil, estudos estimaram seu impacto econômico anual nos rebanhos bovinos em 32 milhões de dólares (Brasil, 1971; Poesteret al., 2002). Estudos realizados em diferentes países indicam diminuição na produção de carne de 5 a 15% e de leite de 10 a 25%;aumento do intervalo entre partos de 11,5 para 20 meses; redução de 15% na produção de bezerros; e aumento da taxa de reposição de fêmeas em 15% (Bernués et al., 1997).
Os principais sinais clínicos da brucelose bovina estão relacionados a problemas reprodutivos, sendo o mais característico deles o aborto no terço final da gestação, podendo atingir 80% das fêmeas em um rebanho susceptível no primeiro momento de introdução do agente (Bishop et al., 1994). Além do aborto, a doença causa nas fêmeas e seus produtos: natimortalidade, nascimento de bezerros fracos, retenção placentária, infertilidade temporária ou permanente, mortalidade perinatal, mastite intersticial crônica ou difusa, entre outros (Corbel, 2006; Lage et al., 2008; Xavier et al., 2009; Poester et al., 2013).
Dada a importância da brucelose bovina para o cenário agroprodutivo nacional, no ano de 2001 foi criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal - PNCEBT (Brasil, 2001).
A infecção por B. abortus ocorre quando o agente causador entra em contato com a mucosa lesada do animal principalmente a mucosa oral (Lage et al, 2008). Quando ocorre a ingestão de água ou alimento contaminado com restos de abortos (feto, placenta, secreção uterina) pelo hábito as mães lamberem suas crias, a bactéria atravessa a barreira intestinal alcançando a circulação sanguínea. Uma vaca pode adquirir a doença apenas por cheirar fetos abortados, pois a bactéria também pode entrar pelas mucosas do nariz e dos olhos (Brasil, 2006). Durante o coito, a transmissão é rara, devido às defesas existentes no animal durante este processo (Rodrigues, 2011). A transferência de embriões respeitando todos os protocolos internacionais não apresenta risco de transmissão de brucelose entre doadoras infectadas e receptoras livres da doença (Brasil, 2006).
A brucelose é transmitida ao homem pelo, contato direto com animais infectado com a bactéria e a ingestão de leite cru ou derivados, sem esterilização (Vallé, 2011).
O diagnóstico da brucelose deve ser feito por um Médico Veterinário credenciado pelo Ministério da Agricultura com base no seu exame clínico associado aos exames laboratoriais (Brasil, 2006).
O PNCEBT no Brasil tem como oficiais os seguintes testes: testes de triagem (Antígeno Acidificado Tamponado - AAT e o Anel em Leite - TAL) e os testes confirmatórios (2- Mercaptoetanol – 2 – ME e o Fixação de Complemento – FC) (Brasil, 2006).
Animais reagentes positivos a teste de diagnóstico para brucelose devem ser marcados a ferro candente, no lado direito da cara, com um “P” contido num círculo de oito centímetros de diâmetro, deverão ser isolados de todo o rebanho e sacrificados no prazo máximo de 30 (trinta) dias após o diagnóstico, em estabelecimento sob serviço de inspeção oficial, indicado pelo serviço de defesa oficial federal ou estadual (PNCEBT,2006).
LEUCOSE ENZOÓTICA BOVINA:A Leucose Enzoótica dos Bovinos (LEB) é uma doença infecto-contagiosa, causada por um Deltaretrovírus, com potencial imunossupressor, caracterizado por seu curso crônico e por significativas perdas econômicas à bovinocultura. O vírus acomete principalmente bovinos, que representa a espécie mais susceptível, nestes animais a doença resulta em perdas econômicas devido à queda na produção. A doença é caracterizada por proliferação linfocitária exagerada nos órgãos hemocitopoiéticos, bem como nos órgãos ricos em tecido retículohistiocitário, e pode se desenvolver sob três formas: inaparente ou aleucêmica, linfocitose persistente, e o linfossarcoma em bovinos adultos determinando formações tumorais com proliferação e infiltração de células mononucleares.
As perdas estão relacionadas principalmente, à queda na produção e ao veto à exportação destes animais. Existe uma exigência por parte dos mercados importadores para que estes animais estejam livres da doença, que culmina com a condenação das carcaças nos frigoríficos, além dos custos relacionados ao diagnóstico, descarte de animais positivos e tratamento, no caso de animais que apresentam complicações decorrentes dos linfossarcomas, principalmente aqueles animais de alto valor genético (DIGIACOMO, 1992). Os animais assintomáticos e os que apresentam sinais clínicos são capazes de eliminar o agente por meio das excreções e secreções corporais, e parece envolver secreções nasal e traqueal, urina e principalmente, sangue, leite e saliva. A transmissão do vírus pode ocorrer de forma vertical e horizontal. Em comparação com a transmissão vertical, a horizontal é responsável pela maioria das infecções em bovinos e a forma iatrogênica parece ser o principal modo deste tipo de transmissão (JOHNSON e KANEENE, 1992).
A prática de premunição contra hemoparasitos e a rotina de vacinação, tatuagem e colocação de brincos se revelaram formas importantes de disseminação da doença (ROMERO; ROWE, 1981, FLORES et al., 1992). O vírus da LEB pode ser transmitido também pelos tabanídeos, em decorrência de alternância alimentar em diferentes hospedeiros assim acredita-se que estes insetos desempenhem um papel importante na propagação da doença, principalmente em regiões com altas temperaturas, onde a proliferação deles é maior (JONHNSON e KANEENE, 1992; LEUZZIR JÚNIOR et al., 2001). A transmissão vertical do vírus da Leucose pode ocorrer por via transplacentária, onde bezerros de mães infectadas podem ser infectados ao nascerem ou pela ingestão de colostro e leite (DIGIACOMO, 1992).
Os sinais clínicos observados na LEB são determinados, em grande parte, pela localização dos linfossarcomas e os animais acometidos são descartados precocemente por outros transtornos, como infertilidade e queda na produção de leite. Os sinais incluem distúrbios digestivos, cardiorrespiratórios, reprodutivos, inapetência, perda de peso, fraqueza, debilidade geral e, às vezes, manifestações neurológicas, decorrentes do desenvolvimento do linfossarcoma. A leucose enzoótica bovina não possui tratamento, sendo seu prognóstico desfavorável. Dessa forma, faz-se necessário a implantação de programas profiláticos para o controle da doença.
PARATUBERCULOSE BOVINA:A paratuberculose é uma doença infecciosa causada por Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis (Map), um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR), que se replica nos macrófagos da lâmina própria do intestino delgado e grosso, e que acomete principalmente ruminantes domésticos e selvagens. É também conhecida como doença de Johne. Os sinais clínicos observados cursam com enterite granulomatosa e crônica. Devido à má absorção de nutrientes, os animais afetados apresentam perda progressiva de peso, mau estado corporal e óbito.Em ruminantes, a infecção ocorre após o nascimento e pode se dar pela ingestão de colostro, leite, água ou alimentos contaminados com o microrganismo (Clarke e Little, 1996; Clarke, 1997), podendo ocorrer também a transmissão pela via intra-uterina (Radostits et al., 2007). Porém, o contato direto com fezes de vacas infectadas por Map tem sido considerado o fator de risco mais relevante para a infecção de bezerros (Doré et al., 2012).Os sinais clínicos são observados em animais adultos, porém, sabe-se que há maior prevalência da doença em bovinos com três e cinco anos de idade. Todavia, como a fase de incubação pode variar por um período de seis meses a 15 anos, existem casos em que os sinais clínicos são observados muito tardiamente (Larsen et al., 1975; Chiodini et al., 1984). Esses sinais consistem principalmente em desidratação, caquexia e diarreia profusa que ocorrem devido à má absorção de nutrientes ocasionada por uma enterite granulomatosa (Clarke, 1997; Chiodini et al., 1984).A importância da doença de Johne na saúde pública se deve a sua possível associação com a doença de Crohn (Crohn et al. 1932, Hermon-Taylor 2001, Grant 2005, Okura et al. 2012). Neste contexto, pesquisadores têm relatado a presença de Map no leite cru e pasteurizado (Grant et al. 2002, Ayele et al. 2005, Slana et al. 2009, Okura et al. 2012); além disso, a micobactéria foi detectada no sangue de pacientes com a doença de Crohn (Naser et al. 2004).O grande problema do controle da paratuberculose, provém da dificuldade de se detectar animais infectados que não mostram sinais clínicos (longo período de incubação), da eliminação constante do agente pelas fezes, dos numerosos casos subclínicos da doença no rebanho, da baixa sensibilidade dos testes diagnósticos disponíveis e da prolongada resistência do Map no ambiente contaminado.
MATERIAIS E MÉTODOS: Foi realizado um estudo transversal para avaliação da freqüência de bovinos e rebanhos soropositivos para brucelose, leptospirose, língua azul, leucose e paratuberculose na região do Sul de Minas Gerais. Neste estudo, foram visitadas 54 propriedades criadoras de gado leiteiro no período de julho de 2017 a outubro de 2017. A amostragem realizada foi não probabilística e foram coletadas amostras de soro de vacas em lactação, acima de 24 meses de idade, por punção da veia jugular e ou veia coccídea. As amostras foram transportadas e armazenadas no Setor de Patologia Veterinária, da Universidade Federal de Lavras, (SPV-UFLA) onde foram centrifugadas e as alíquotas do soro obtidas, transferidas para tubos microtubos e mantidas a -20 oC até a realização dos testes sorológicos.
TESTES SOROLÓGICOS: Imunodifusão em Gel de Ágar (IDGA): Para a detecção de anticorpos precipitantes contra o Vírus da Língua Azul (VLA), será utilizada a técnica de imunodifusão em gel de ágar (IDGA), de acordo com Pearson e Jochim (1979). A IDGA será utilizada para a pesquisa de anticorpos precipitantes contra o VLA nas amostras de soros coletadas nas propriedades visitadas. Será utilizada solução de cloreto de sódio (NaCl) a 0,85% e agarose na concentração final de 0,9% em água destilada deionizada, que será depositada sobre placas de petri. O antígeno será colocado no centro e o soro controle positivo em outros dois poços na quantidade de 25 µL em cada poço, nos poços restantes serão colocados as amostras a serem testadas. As placas de petri permanecerão em câmara úmida com sulfato de cobre 0,5% por 48 horas em temperatura ambiente. A leitura do IDGA será realizada através da luz indireta e fundo escuro,observando-se as linhas de precipitação, formadas entre o antígeno e o anticorpo. A identidade da linha formada com o soro controle positivo foi à base para leitura do teste. O antígeno e o soro controle positivo serão respectivamente produzido pela Escola de Veterinária da UFMG e um “pool” de soros positivos testados e titulados pela Escola de Veterinária da UFMG.
Soroaglutinação Microscópica (SAM): A Soroaglutinação Microscópica (SAM) é a técnica mais utilizada para o diagnóstico da leptospirose, por apresentar sensibilidade e especificidade altas e permite a identificação dos sorovares presentes na propriedade (ADLER; DE LA PEÑA MOCTEZUMA, 2010). A SAM com antígenos vivos será utilizada para a detecção dos anticorpos aglutinantes anti-leptospiras . Na triagem, os soros serão testados com uma bateria de 18 sorovariedades:Grupo Autumnalis;Grupo Ballum ; Grupo Batavia ;Grupo Canicola;Grupo Celledoni ;Grupo Cynopteri;Grupo Grippotyphosa;Grupo Hebdomalis;Grupo Icterohaemorrhagie;Grupo Javanica;Grupo Panama;Grupo Pomona;Grupo Pyrogene;Grupo Sejroe;Grupo Shermani;Grupo Tarassovi;Grupo Djasiman. O ponto de corte da reação é o título 100 e a titulação das amostras reagentes será efetuada em uma série geométrica de diluições na razão dois. O título será a recíproca da maior diluição do soro com 50% de Leptospira spp aglutinadas. A determinação da sorovariedade mais provável foi realizada de acordo com Vasconcellos et al. (1997). A análise dos resultados considera como mais provável sorovariedade que apresentar maior título nos animais caracterizados como soropositivos. Na ocasião em que um animal apresentar reações com títulos idênticos para duas ou mais sorovariedades este será considerado positivo apenas para Leptospira spp.
Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) e 2‑mercaptoetanol (2‑ME): Para Brucelose será realizado o seguinte protocolo, o teste de triagem com antígeno acidificado tamponado (AAT), e para a confirmação os testes 2‑mercaptoetanol (2‑ME) efetuados de acordo com os métodos preconizados pelo Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT) (BRASIL, 2006).
Elisa: Para Leucose Enzoótica Bovina, amostras de soro, devidamente identificadas e armazenadas, serão submetidas ao ELISA (IDEXX Leukosis Blocking). Esse teste consiste na busca por anticorpos contra o LEB, mais especificamente, contra a glicoproteína gp51, que é uma importante glicoproteina presente em seu envelope viral e bem conservada pela LEB. É um método simples, rápido e sensível para a vigilância de rebanhos.
Elisa: As amostras a serem testadas devem ser previamente incubadas com o extrato de Mycobacterium phlei para ligar anticorpos não específicos. Em seguida, as amostras são transferidas e incubadas nas cavidades impregnadas da placa de microtitulação. Os anticorpos específicos do MAP formam um complexo antígeno-anticorpo. Após a remoção por lavagem do material não ligado, um conjugado enzimático anti-ruminante é adicionado e se ligará a qualquer complexo antígeno-anticorpo formado. O conjugado não ligado é removido por lavagem e é adicionado um substrato de enzima(TMB). Na presença da enzima, o substrato é oxidado e desenvolve um composto azul que se transforma em amarelo após a interrupção da reação. O subseqüente desenvolvido da cor está diretamente relacionado à quantidade de anticorpos contra o MAP presente na amostra teste. O resultado é obtido através da comparação da densidade ótica da amostra com a densidade ótica da media do controle positivo.
RESULTADOS e DISCUSSÕES: Através do questionário aplicado aos produtores, foi feita a caracterização das fazendas observando o sistema de criação, manejo reprodutivo e sanitário, presença de outras espécies animais na propriedade, movimentação de animais e a ocorrência de doença na propriedade.
Das propriedades coletadas, 100% (54/54; IC95% = 93.4 - 100.0) possuíam pelo menos um animal soropositivos para o Vírus da Língua Azul e, com prevalência que variaram de 45,45% à 100% dentro dos rebanhos, onde 12/54 das propriedades tiveram 100% dos animais coletados positivos. Estes resultados confirmam tanto a presença do vírus, como a importância dos bovinos leiteiros na manutenção do vírus na região coletada.
Em relação a Brucelose das 54 propriedades, 5(9,26%) foram positivas e 49 (90,74%)negativas.Em apenas uma propriedade respondeu que não vacina os bezerros para brucelose. Mesmo assim, 5 propriedades tiveram pelo menos um animal infectado pela doença, podendo nos sugerir, que a introdução da brucelose nestas propriedades podem ter vindo através de compra e venda de animais que é uma pratica comum nesta atividade.
Em relação a Leptospirose das 54 propriedades, 47(87,04%) foram positivas e 7(12,96) negativas.Em relação aos sorovares mais frenquentes nas propriedades temos o Autumnalis-Butembo em 23(42,60%) das propriedades e Pomona-Pomona em 12(22,22).
Em relação a Leucose Enzoótica Bovina e Paratuberculose os testes não foram realizados ainda, os kits de Elisa já estão no laboratório da professora Elaine, para serem realizados.