TOXICIDADE DOS EXTRATOS DOS GRÃOS DE CAFÉ VERDE E TORRADO DO CAFÉ (Coffea arabica) DE QUALIDADE INFERIOR SOBRE LARVAS DE Aedes (Stegomyia) aegypti (DIPTERA: CULICIDAE)
Mosquito, Dengue, Produto Botânico, Controle.
O inseto Aedes aegypti é transmissor de uma série de patógenos, dentre eles alguns arbovírus, como o vírus Dengue, que causam impacto na saúde pública. Seu controle, atualmente, se baseia em remoção mecânica, ações de educação em saúde e o controle químico, que por sua vez, quando realizado de forma errada acelera a seleção de populações resistentes. O controle utilizando produtos botânicos têm se mostrado uma saída para esse problemas visto que produtos botânicos agem, como o café (Coffea arabica), em diferentes receptores dificultando a seleção de populações resistentes além de serem ecologicamente corretos não bioacumulando no ambiente. O presente estudo teve objetivo de avaliar a toxicidade de extratos de café verde e torrado de qualidade inferior sobre larvas de A. aegypti utilizando. Os insetos de A. aegypti cepa Rockefeller foram mantidos em condições controladas de fotoperíodo (12C:12E), temperatura média de 22ºC ± 2ºC e umidade relativa de 57% ±4,5%. Para a extração do extrato de café foi realizada a técnica de de refluxo simples sólido-líquido utilizando Etanol como solvente. Para o bioensaio utilizou-se 4 tratamentos sendo eles: Extrato de café verde e DMSO (CVD), extrato de café verde e Tween 80 (CVT), extrato de café torrado e DMSO (CTD) e extrato de café torrado e Tween 80 (CTT) nas seguintes concentrações 4 mg/mL, 2 mg/mL, 1,6mg/mL, 1,2 mg/mL, 1 mg/mL, 0,45 mg/mL, 0,25 mg/mL e 0,12 mg/mL. O bioensaio foi realizado utilizando 15 larvas de 3º estádio, em quadruplicata repetido em 2 dias alternados e observados em 24h, 48h, e 72h após a adição dos extratos. Eram consideradas larvas mortas aquelas que após estímulos não apresentavam reações. Para avaliar o efeito tóxico do Composto Majoritário, o ácido cafeico, foi realizado um bioensaio com 15 larvas de 3º estádio, em quadruplicata em 24h, 48h e 72h. Para análise estatística e cálculo da estimativa da dose letal (DL) necessária para matar 50%, 90% e 99% dos extratos foi utilizado o Software R através da análise logit usando o pacote DRC. Após 72h constatamos uma mortalidade de 99,2% no CTT na maior concentração (4 mg/mL) seguidos de 83,3% no CVD e 55% no CVT. O CTD não solubilizou em água na concentração de 4 mg/mL sendo então sua maior concentração 2 mg/mL que apresentou uma mortalidade de 73,3%. A DL50 estimada para o CTT foi de 0,33±0,22 mg/mL, seguido de 1,43+0,05 para o CTD, 2,53+0,1 para o CVD e 2,57+0,25 para o CVT. A toxicidade do composto majoritário na concentração de 6,42 mg foi de 25%. Esses dados indicam que o café, que antes era descartado pela indústria, pode ter efeito tóxico para as larvas de A. aegypti onde o CTT têm um melhor desempenho tendo causado 44,2% a mais de mortalidade que o CVT. Ainda sim, os dados sugerem que o ácido cafeico de forma isolada não apresenta um efeito inseticida embora cause mortalidade, sendo que é necessário outros compostos para atuarem de forma sinérgica com o composto, esses dados mostraram uma potencial alternativa ecologicamente correta para o controle do A. aegypti, que por ano, mata milhares de pessoas em todo o mundo através da transmissão de patógenos. Ainda sim, é necessário compreender melhor a ação desse composto frente ao ambiente e a sinergia do ácido cafeico com outros compostos presentes nos extratos.