IMPACTO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO CAUSADO PELAS DOENÇAS UTERINAS NO PÓS-PARTO SOBRE A MORFOFISIOLOGIA OVARIANA EM VACAS LEITEIRAS
Metrite, exame clínico, reprodução, atividade ovariana, reprodução de leite.
Este estudo de Coorte prospectivo foi conduzido com o objetivo de avaliar a intensidade do processo inflamatório causado pelas doenças uterinas sobre a morfofisiologia ovariana de vacas leiteiras. O experimento foi conduzido em instalações Free Stall, localizado na Fazenda Experimental Palmital – Zona Rural, de propriedade da Universidade Federal de Lavras, município de Ijaci, MG, Brasil. Foram acompanhadas 34 vacas desde 10 dias ante da data do parto (D-10) até o fim do Período de Espera Voluntária (PEV), (D46). As vacas foram submetidas a um protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e examinadas clinicamente por volta dos dias (D-10), (D7), (D23) e (D46). No (D0), data do parto, foram registradas informações zootécnicas. No (D3) ao (D10), foram analisados conteúdos uterinos com o uso do dispositivo Metricheck®. Exames ultrassonográficos foram realizados no (D23) e (D46). As variáveis foram analisadas estatisticamente pelo software SAS. Os dados obtidos em 10 dias antes do parto constataram que os animais estavam dentro dos parâmetros fisiológicos esperados. Por meio do quadro clínico e análise do conteúdo uterino, aos 7 dias após o parto, os animais foram caracterizados em dois grupos experimentais: Ausência de Doença Reprodutiva (ADR), definido por animais que não apresentaram alterações ao parto, sinais clínicos e descarga vaginal ou tiveram muco claro não fétido e Doença Uterina Clínica (DUC) divididos em três níveis: Grau 1 (leve), determinado por alguma alteração ao parto, ausência de sinais clínicos e descarga vaginal ou presença de muco claro não fétido; Grau 2 (moderado), indicado por presença de muco turvo com manchas de sangue ou secreção mucopurulenta <50% de pus e não fétido, podendo apresentar sinais clínicos brandos; e Grau 3 (grave), com comprometimento sistêmico, presença de descarga vaginal mucopurulento branca, amarela ou marrom-avermelhada ≥50% de pus ou muco fino, seroso ou aquoso, castanho-avermelhado, com ou sem partes de tecido necrótico e fétido. As prevalências foram altas para o grupo DUC com 32,35% (11/34), 20,59% (7/34) e 8,82% (3/34) nos Graus 3, 2 e 1, respectivamente, em comparação com 38,24% (13/34) para o grupo ADR. Além do conteúdo uterino, notou-se aumento de TR, perda exacerbada de PV e ECC, maior incidência de animais com P/L ruim e com desidratação, no grupo DUC. Em relação a morfisiologia ovariana no (D23) foi verificado menor áreas e volumes ovarianos em relação a vacas primíparas em comparação com multíparas. Tanto primíparas quanto multíparas em maior intensidade inflamatória, foi verificado que estes animais apresentaram menores áreas e volumes ovarianos em relação ao ADR. Foi também observado que no (D46) a morfisiologia ovariana apresentou menor áreas e volumes ovarianos em relação a vacas primíparas em comparação com multíparas. Entretanto, notou-se que animais que tiveram maior intensidade inflamatória no pós-parto, estabeleceu as dimensões de áreas e volumes ovarianos, demonstrando viabilidade no uso de protocolos de IATF. Primíparas devem ser melhor observados no pós-parto, pois apresentou maior processo inflamatório ao primeiro parto, o que pode ocasionar descarte de animais jovens e maior tempo para reprodução desses animais. Em conclusão, as variáveis fisiológicas não se mantiveram estáveis durante o experimento, o que permitiu a comprovação da classificação dos animais. Portanto, a categorização dos animais em relação à intensidade das doenças uterinas clínicas, permite maior flexibilidade aos protocolos reprodutivos, melhores programas de controle e prevenção, minimizando contaminação uterina no pós parto e tratamentos mais racionais e eficazes, além de estimular mais estudos na área.