Fatores de risco para brucelose como doença ocupacional entre os médicos veterinários do PNCEBT no Distrito Federal
Brucella abortus,zoonose, B19, RB51
As doenças ocupacionais são provocadas por atividades diretamente vinculadas ao trabalho, como é o caso da brucelose que tem parte dos casos humanos associados a atividade laboral do indivíduo. Criadores de bovinos, magarefes, laboratoristas, veterinários e seus assistentes são frequentemente expostos a animais infectados, materiais contaminados ou vacinas vivas atenuadas capazes de transmitir a doença ao homem. Os veterinários cadastrados no Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT) compõem o grupo mais suscetível à enfermidade, pois além de lidar diretamente com animais doentes, seus produtos de aborto e realizar partos, também manipulam as vacinas B19 e RB51. No entanto, as informações sobre estes fatores de risco e as medidas adotadas para minimizar as chances de infecção ainda são escassas. A brucelose é responsável por grandes impactos à saúde do homem, tanto na forma aguda da doença, quanto na forma crônica, que pode gerar sequelas graves e incapacitantes. Em função da inespecificidade dos sinais clínicos e dificuldade em confirmar a patologia por métodos laboratoriais no país, o diagnóstico é frequentemente tardio ou não realizado. Além disso, o tratamento da afecção é oneroso e prolongado, geralmente realizado com associação de antimicrobianos, para evitar a ocorrência de recidivas da doença. As medidas de prevenção da infecção recomendadas aos profissionais são pautadas principalmente na utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) como luvas, máscaras, casacos e óculos durante a manipulação de animais e produtos biológicos potencialmente infecciosos. Assim, os objetivos do presente trabalho são (i) determinar a frequência de exposição acidental às vacinas antibrucélicas e à brucelose entre médicos veterinários vacinadores cadastrados no PNCEBT e (ii) identificar os principais fatores de risco para a transmissão ocupacional de brucelose entre esses profissionais. A ocorrência de acidentes vacinais e de brucelose, bem como os fatores associados a estas variáveis serão investigados por meio da aplicação de questionário disponibilizado aos veterinários provenientes de uma amostragem aleatória composta por profissionais cadastrados no PNCEBT no Distrito Federal que realizaram a vacinação de bovinos contra brucelose entre os anos de 2019 e 2020. As variáveis analisadas incluirão: sexo, idade, tempo de profissão, área de atuação, conhecimento sobre a doença, uso de EPIs, frequência de exposição a potenciais fontes de infecção, sinais clínicos observados e a realização de exames e atendimentos médicos em função da doença. Após a tabulação dos dados obtidos com os questionários, serão calculadas as frequências da doença e dos acidentes vacinais, os intervalos de confiança e os possíveis fatores associados à brucelose ocupacional entre a população avaliada. Desta forma, será possível determinar a prevalência de brucelose e de exposição acidental às estirpes vacinais B19 e RB51 entre os veterinários do PNCEBT atuantes no estado do Distrito Federal, assim como identificar os fatores de risco associados à brucelose como uma doença ocupacional e aos acidentes vacinais no estado. O conhecimento sobre os fatores associados a ocorrência de brucelose ocupacional e acidentes vacinais em veterinários que lidam frequentemente com bovinos potencialmente infectados e com as vacinas vivas atenuadas é fundamental para o entendimento de como os fatores de risco sobre esta doença são percebidos pelos profissionais e como este entendimento influencia na adesão de medidas de controle e prevenção da brucelose ocupacional neste grupo. Estas informações possibilitarão uma abordagem de promoção de saúde conduzida de forma estratégica, a fim de reduzir a incidência da brucelose nos veterinários e conscientizá-los sobre a importância das medidas de prevenção e controle da doença.